Pular para o conteúdo
Início » A Evolução Da Porcelana Odontológica – Lentes De Contato Dental

A Evolução Da Porcelana Odontológica – Lentes De Contato Dental

A Evolução Da Porcelana Odontológica E Técnica De Confecção De Lentes De Contato E Faceta Laminada

Estudo apresentado ao SINDICATO DOS ODONTOLOGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Por - MONIQUE GRAÇA DE ALMEIDA ALBUQUERQUE

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Composição das Cerâmicas Odontológicas. FONTE: Guerra et al Estágio atual das cerâmicas odontológicas. International Journal of Dentistry, Recife, 6(3), p.90-95, Jul/Set 2007

Tabela 2: Classificação das cerâmicas. FONTE: Vieira & Morimoto. Restaurações Indiretas. São Paulo, Artes Médicas, p.139-157. 2008

Tabela 3: Classificação das Cerâmicas quanto à sensibilidade ao ácido hidrofluorídrico 10% e tempo de condicionamento.  FONTE: Callegari et al Restaurações Cerâmicas Metal Free. São Paulo, Artes Médicas. Cap.46, p.680-719

Tabela 4: Classificação das Porcelanas Odontológicas de acordo com o ponto de fusão. FONTE: Vieira & Vieira, Metal Free- Lentes de Contato dentais e coroas. São Paulo. Ed. Santos.

RESUMO

Este trabalho é uma revisão da literatura sobre a evolução da porcelana, sendo relatado um breve histórico da utilização das porcelanas na odontologia, e as vantagens e desvantagens da utilização da porcelana como material restaurador. Algumas classificações dos sistemas cerâmicos são relatadas bem como a composição, tipos de porcelanas e método de processamento das mesmas. Constando ainda, através do caso clínico, o uso das porcelanas na confecção de Facetas Laminadas e Lentes de Contato.

Palavras- chave:  Porcelana Odontológica, Cerâmica odontológica, Facetas

INTRODUÇÃO

 A Odontologia vem sofrendo mudanças significativas no que se diz respeito à estética. A sociedade nunca havia se preocupado tanto com a aparência, e o nível de exigência e de expectativa dos pacientes em relação às restaurações protéticas, aumentou, principalmente pelo fato de hoje em dia se ter mais acesso à informação. De alguns anos para cá, a procura por intervenções e procedimentos estéticos que visam transformar ou melhorar a aparência física, aumentou bruscamente, passando a ter uma importância significativa na aceitação, no bem-estar e na autoestima das pessoas.

Os pacientes passaram a assumir a necessidade de possuírem um sorriso harmonioso como pré-requisito ao bom convívio em sociedade e consequente ascensão profissional. Teve-se assim uma busca incessante por um material restaurador que contenha as mesmas qualidades físicas e estruturais encontradas no dente natural. As cerâmicas odontológicas são as que mais se encaixam nessas exigências. Os materiais cerâmicos são largamente utilizados na odontologia restauradora, pois preenchem três critérios principais: resistência, adaptação e estética.

As cerâmicas odontológicas podem ser consideradas atualmente como a melhor escolha para reproduzir os dentes naturais, já que estas apresentam excelente estética, propriedades ópticas semelhantes ao dente natural, biocompatibilidade, estabilidade química e alta resistência à descoloração e abrasão.

As cerâmicas sofreram uma grande evolução até serem consideradas como uma alternativa viável e promissora para restaurar os dentes. A confecção de restaurações em cerâmica livre de metal, só se tornou possível graças ao surgimento da odontologia adesiva.

A partir de então, vários sistemas cerâmicos foram desenvolvidos, sempre com o intuito de melhorar as propriedades físicas e mecânicas do material. As cerâmicas têm apresentado uma rápida evolução, tendo atualmente várias opções ao alcance do cirurgião dentista, porém o profissional deve estar atento às diferenças na composição para obter sucesso no tratamento, sabendo indicá-la de modo correto em cada situação clínica específica. Neste trabalho, portanto, tem-se como objetivo mostrar essa evolução da cerâmica odontológica, bem como, suas características, os tipos, classificações e indicações dos diferentes tipos de porcelana.

REVISÃO DE LITERATURA - HISTÓRICO

Para Callister Jr. & Willian (2002) a Cerâmica, cuja origem vem do grego Keramiké, significa “matéria-prima queimada”.

Craig & Powers (2004) relataram que a cerâmica, é um material inorgânico, não metálico, fabricado a partir de matérias primas naturais, cuja composição básica é a argila, feldspato, sílica, caulim, quartzo, filito, talco, calcita, dolomita, magnesita, cromita bauxito, grafita e zirconita.

Segundo Vieira & Morimoto (2008) O conceito de cerâmica compreende todos os produtos químicos inorgânicos (exceto os metais e suas ligas) que são obtidos pelo homem por meio da queima de minerais em altas temperaturas. Os produtos cerâmicos são obtidos a partir de matérias-primas naturais ou sintéticas.

Araújo (2012) citou que as cerâmicas foram, provavelmente, os primeiros materiais a serem desenvolvidos artificialmente pelo homem. O homem primitivo, utilizando-se das propriedades plásticas da lama e do barro descobriu acidentalmente, que formas modeladas submetidas ao fogo, tornavam-se duras.

Gomes et al (2008) relataram que dados encontrados há quase 13 mil anos mostram evidências dos primeiros indícios de cerâmica nas escavações do Vale do Nilo, Egito. Desde o século X, a China já dominava a tecnologia da arte em cerâmica, a qual apresentava estrutura interna firme e cor muito branca, chegando à Europa apenas no século XVII onde ficou conhecida como “louças de mesa”. A partir de então, muito esforço por parte dos europeus foi dispensado a fim de copiar a composição da porcelana chinesa. Entretanto, somente em 1717 é que se descobriu o segredo dos chineses, que confeccionavam a cerâmica a partir de três componentes básicos: caulim (argila chinesa), sílica (quartzo) e feldspato (mistura de silicatos de alumínio, potássio e sódio).

Segundo Arruda & Ourique (2003) nos dias atuais, o termo cerâmica é destinado a vários produtos, como azulejos e pisos, porcelanas caseiras (pratos, xícaras etc.), sanitários, telhas, refratários, peças para motores, componentes da indústria aeronáutica e espacial, ossos e dentes artificiais. Devido a essa grande variedade de uso, é conveniente a diferenciação da porcelana odontológica e caseira Porcelana Caseira. A porcelana caseira, é obtida através da lavagem e filtragem de caolim, misturado em molinilho ao quartzo e ao feldspato, anteriormente triturados em pó fino, obtendo-se placas que são prensadas para expulsar o excesso de água. Essas placas úmidas são “apodrecidas” em dispensa, novamente batidas e modeladas sobre discos giratórios ou prensadas em formas, as peças são secas ao ar livre e à temperatura ambiente, recebendo a primeira queima 800°C, na qual os cristais são unidos por uma fase vítrea (que ocupa 60% do volume), conferindo resistência e impermeabilidade a uma estrutura porosa. Finalmente as peças são pintadas e mergulhadas numa massa de glaze (mesmos componentes, porém com mais fundente feldspático), para receberem a queima de glazeado a 1400° C em forno de porcelana especial.

Gomes et al (2008) citaram que a Porcelana Odontológica teve o início de sua história em 1774, quando o francês Alexis Duchateau, insatisfeito com sua prótese total confeccionada com dentes de marfim, decidiu trocá-las por novas próteses de cerâmica, por verificar a durabilidade e resistência ao manchamento e a abrasão deste material quando utilizado em utensílios domésticos. Com o auxílio do dentista Nicholas Dubois de Chemant, a cerâmica foi utilizada com sucesso na fabricação de dentes para prótese total. A arte das cerâmicas foi introduzida então, na Odontologia.

Segundo Arruda & Ourique (2003) a primeira coroa de porcelana foi feita por Charles Henry Land, um dentista em Detroit, no ano de 1887, sobre uma folha de platina que era brunida contra o troquel de gesso, para que servisse como matriz para confecção das coroas.

Rezende Neto (2013) citou que embora tenha obtido sucesso, a aplicação destes trabalhos foi limitada, pois as técnicas de cocção da porcelana ainda não estavam totalmente dominadas e esclarecidas, e a técnica de fixação de coroas sobre os preparos era apenas por justaposição de cimentos, pois as técnicas de adesão ainda estavam longe de serem utilizadas.

Nascimento (2010) relatou que desde então inúmeros sistemas de porcelana pura foram se desenvolvendo. No entanto, as primeiras cerâmicas odontológicas (porcelanas feldspáticas), possuíam baixa resistência à tração e à fratura, não resistindo às forças mecânicas exigidas pelo sistema estomatognático.

Segundo Kina (2005) As cerâmicas feldspáticas foram as pioneiras a serem confeccionadas em alta fusão, onde na associação com as lâminas de platina constituíam as coroas metalocerâmicas. Com ótima qualidade estética, as coroas puras de porcelanas feldspáticas foram utilizadas por longa data, entretanto, sua baixa resistência limitou sua indicação apenas para coroas unitárias anteriores em situações de pequeno stress oclusal.

Conforme Nascimento (2010) citou,  as coroas ocas de porcelana feldspática foram aceitas como as restaurações mais estéticas na Odontologia, até os anos 60. Devido ao alto índice de fratura, por apresentarem resistência flexural de 60 a 70 MPa, passaram a ser contraindicadas para dentes posteriores.Sua contração de cocção girava em torno de 40% provocando discrepância na adaptação das margens e necessitando novas queimas para correção. A baixa resistência e adaptação cervical deficiente resultavam em áreas de alta concentração de forças tornando as coroas cerâmicas mais susceptíveis à fratura.

Schenkel et al (2004) citaram que o problema que ainda perdurava, era a fragilidade da cerâmica e a consequente falta de longevidade dos trabalhos. A grande mudança veio em 1962 quando, desenvolveram um sistema que é a base dos sistemas metalocerâmicos utilizados nos dias de hoje, ao conseguir a união da cerâmica com uma infraestrutura metálica (ouro). Esta descoberta revolucionou a prótese, pois pela primeira vez se conseguiu aliar a estética da cerâmica com a resistência conferida pelo metal, trazendo como consequência confiabilidade e durabilidade aos trabalhos cerâmicos.

Segundo Nascimento (2010) Em 1965, na tentativa de aperfeiçoar as propriedades mecânicas das porcelanas, foi desenvolvida a porcelana alumínica atualmente utilizada, ao incorporarem aproximadamente 50% de óxido de alumínio (Al2O3) na porcelana feldspática.

Amoroso et al (2012) relataram que no intuito de melhorar a sua resistência, as cerâmicas feldspáticas foram reforçadas por leucita, sendo indicadas para restaurações do tipo faceta laminadas, inlays e onlays, contudo ainda apresentado uma resistência flexural de aproximadamente 180 MPa 13.

Foi citado por Arruda & Ourique (2003) que todas as tentativas de reforço da estrutura interna da porcelana esbarraram no problema estético, tornando o produto opaco, com perda da transparência, das características do esmalte e da dentina úmida natural.  O responsável por isso é a alumina (Al3 O3), sendo que a forma mais viável de evitar esse problema é a utilização da leucita, devido às suas propriedades. A indústria procurou aumentar a proporção desta fase estrutural, resultando primeiro no DICOR ( Dow Corning e Dentsply, USA) e depois no EMPRESS original (Ivoclar, Liechtenstein), atingindo resistência à fratura de 200 N/mm² e assim, outros sistemas cerâmicos seguiram o curso de evolução até os dias atuais.

Segundo Gomes et al (2008) diante da evolução, no fim do século XX, diversos sistemas inovadores foram introduzidos no mercado, a fim de proporcionar a confecção de restaurações cerâmicas livres de metal. A partir de então, vários sistemas cerâmicos foram desenvolvidos, sempre com o intuito de melhorar as propriedades físicas e mecânicas do material.

Para Kano et al (2008) desde meados da década de 90, existem várias opções de cerâmicas que apresentam resistência associada a uma excelente qualidade estética, garantindo estabilidade de cor, longevidade e adaptação perfeita para utilização em qualquer área do arco dental.

 

COMPOSIÇÃO 

Guerra et al(2007) citaram que as cerâmicas são de um modo geral, compostas dos mesmos constituintes: feldspato, sílica e caolin.  As proporções são em média entre 75 e 85% de feldspato, de 12 a 22% de quartzo ou sílica e de 3 a 5% de caolin.  A Tabela 1 destaca os principais componentes das cerâmicas e suas respectivas funções.


Ainda foi relatado por Guerra et al 2007 que os pigmentos constituem uma pequena porcentagem da mistura. A porcelana odontológica convencional é uma cerâmica vitrosa baseada em uma rede de sílica (SiO2) e óxido de potássio feldspato (K2O.Al2O3.6SiO2) ou soda-feldspato (Na2O.Al2O3.6SiO2), ou ambos. Pigmentos, opacificadores e vidros são adicionados para controlar a temperatura de fusão, temperatura de sinterização, coeficiente de contração térmica e solubilidade. Os feldspatos usados para porcelanas odontológicas são relativamente puros e sem cor. Portanto, pigmentos devem ser adicionados para produzir os matizes dos dentes naturais ou a aparência dos materiais restauradores estéticos que possam estar presentes nos dentes adjacentes.

Arruda & Ourique (2003) relataram que nesse processo evolutivo, a composição das porcelanas sofreu modificações em relação à porcelana caseira usada inicialmente. O feldspato passou a ser a principal matéria prima em lugar do caolim (produto de decomposição natural da rocha feldspática, constituído de silicato de alumínio). O quartzo foi mantido. Apesar das rochas de feldspato existirem em muitos lugares, para as porcelanas odontológicas o feldspato potássico apresenta melhor qualidade, sendo mais raro do que o sódico comum. Os outros constituintes dos feldspatos mantêm-se praticamente iguais: sílica, alumina e em mínima quantidade, óxido de cálcio, óxido de magnésio, óxido de ferro e óxido de boro. Todas essas matérias primas são manipuladas pela indústria. As rochas são finamente trituradas e passam por esteiras magnéticas para que se remova o óxido de ferro. O feldspato é fundido a 1300°C e gotejado em água fria, formando um vidro (a “frita”) não apresentando a transparência do vidro. A “frita” é novamente triturada em grânulos controlados sofre a adição de óxidos, para se atender a inúmeras exigências com necessidades de colorações, do opaco ao transparente.

Segundo Vieira & Morimoto (2008) A frita é a matéria-prima para os fabricantes de produtos odontológicos. Nos vidros e nas porcelanas, a frita é transparente e acrescentando corantes e opacificadores obtém-se diversos tipos de cerâmicas para a aplicação em cada segmento ótico do dente.

SISTEMAS CERÂMICOS

Vieira & Morimoto (2008) relataram que Sistema é um conjunto de materiais, e/ou, técnicas para uma finalidade. Os sistemas cerâmicos podem ser óticos, de resistência ou técnica, ou ainda uma conjunção deles. O conceito de sistema cerâmico surgiu da associação entre cerâmicas com alta resistência para infraestrutura com as cerâmicas estéticas para cobertura. Mas o conceito de sistema cerâmico não fica restrito apenas ao uso conjunto de dois ou mais tipos de cerâmicas. As restaurações metalocerâmicas também representam um tipo de sistema cerâmico.


(resistência)                                      (estética)

TIPOS DE PORCELANAS

Porcelanas Feldspáticas

Para Vieira & Morimoto (2008) As primeira cerâmicas modernas de uso odontológico foram às porcelanas feldspáticas, que têm esse nome porque a sua principal matéria prima é o feldspato, rocha muito comum na natureza. A sua friabilidade e baixa resistência mecânica dificultam o seu uso em regiões sujeitas ao estresse, já que trincas se formam e se propagam com muita facilidade no interior da porcelana.

Kina et al(2005) relatou que as cerâmicas feldspáticas foram as pioneiras a serem confeccionadas em alta fusão, com sua ótima qualidade estética, as coroas puras de porcelana feldspática foram utilizadas por longa data, mas sua baixa resistência limitou seu uso a coroas unitárias anteriores em situações de pequeno stress oclusal.

Conforme Chain et al (2000) as porcelanas feldspáticas podem ser empregadas na confecção de metalocerâmicas, facetas de porcelana, coroas puras de porcelana, bem como em incrustações. Elas podem ser utilizadas isoladamente para confeccionar peças ou em associação com outros sistemas, onde a porcelana feldspática recobre uma porcelana aluminizada (In Ceram) ou vidro ceramizado fundido (Dicor), que lhe confere maior resistência à fratura. A porcelana feldspática é usada como recobrimento, pois apresenta excelentes características de translucidez e cor semelhante ao dente natural.  A porcelana feldspática é definida como um vidro, composta por feldspato de potássio (K₂O.Al₂O₃6SiO₂) e pequenas adições de quartzo (SiO₂), sendo que em altas temperaturas, o feldspato decompõe-se numa fase cristalina constituída de leucita (KAlSi₂O₆). Nomes comerciais : Vita VMK 68 (Vita), Biodent (Dentsply), Dulceram (Degussa), Ceranco II(Ceranco), Noritake (J-Morita)

Craig & Powers (2004) relataram que as coroas ocas de porcelana feldspática foram aceitas como as restaurações mais estéticas na Odontologia, até os anos 60. Devido ao alto índice de fratura, por apresentarem resistência flexural de 60 a 70 MPa, passaram a ser contraindicadas para dentes. Além disso, sua contração de cocção girava em torno de 40% provocando discrepância na adaptação das margens e necessitando novas queimas para correção. A baixa resistência e adaptação cervical deficiente resultavam em áreas de alta concentração de forças tornando as coroas cerâmicas mais susceptíveis à fratura .

Para Amoroso et al (2012) no intuito de melhorar a sua resistência, as cerâmicas feldspáticas foram reforçadas por leucita, sendo indicadas para restaurações do tipo facetas laminadas, inlays e onlays, contudo ainda apresentando uma resistência flexural de aproximadamente 180Mpa.

Segundo Miyashita et al (2009) as cerâmicas feldspáticas apresentam propriedades como módulo de elasticidade, coeficiente de expansão térmica, densidade e dureza com valores muito próximos ao do esmalte dentário, apresentando assim um comportamento biomimétrico único.

Cerâmica Dicor

Conforme Miyashita & Fonseca (2004) esta cerâmica foi introduzida em 1980, sendo esta, uma cerâmica de fundição, sendo um dos primeiros sistemas cerâmicos que empregou tecnologia mais apurada, composta por vidro contendo 45% de cristais de mica tetrasílica com flúor, obtida pelo processo convencional de cera perdida e vidro fundido de 1350 a 1400 °C ,resultando numa restauração de cerâmica vítrea que apresenta certo grau de contração.

Para Gomes et al (2008) a cerâmica Dicor mostra-se com qualidade estética aceitável, com resistência de aproximadamente 90 a 120 MPa. Além disso, apresenta baixo módulo de elasticidade, reduzido coeficiente de expansão e pequena resistência à dureza. Esse sistema era indicado para a confecção de coroas unitárias anteriores e posteriores, inlays, onlays e facetas laminadas, sendo atualmente seu uso pouco empregado. As coroas de vidro fundível mostravam boa performance clínica quando era mantida uma espessura adequada de material na superfície oclusal e alta taxa de fratura em regiões posteriores (35-64%).

Cerâmicas associadas a metais

Segundo Vieira & Vieira (2012) as coroas metalocerâmicas surgiram nos anos 60. Nesse caso, a coroa apresenta um copping metálico (cobertura) sobre o dente, e sobre este será esculpida a coroa de porcelana. Estes coppings são feitos com metais de alta fusão como: níquel-cromo, prata-paládio ou ouro platinado. Essa porcelana, após sua cocção, une-se ao copping metálico, aumentando a resistência à fratura dessas coroas.

Gomes et al (2008) citaram que a fim de possibilitar a associação das porcelanas aos metais, viabilizando a confecção de restaurações metalo-cerâmicas, foi necessário incorporar maior concentração de leucita nas porcelanas feldspáticas para aumentar o coeficiente de expansão térmica, tornando-o semelhante ao das ligas fundidas, minimizando o estresse térmico residual.

Vieira & Agra (2000) afirmaram que as coroas metalo-cerâmicas surgiram como uma alternativa que favorecia uma melhor adaptação marginal e menor risco de fratura, graças ao emprego de uma infraestrutura metálica. Existem diversas ligas metálicas que são utilizadas sob uma porcelana, estas podem ser classificadas em nobres e não nobres. As ligas mais usadas atualmente são as não nobres, mais especificamente as ligas de níquel-cromo. A porcelana fica retida ao metal mecânica e quimicamente. A união química é dada através de uma camada de óxidos, formada pelo tratamento térmico do copping metálico. Esta camada de óxidos é mais facilmente obtida nas ligas nobres. O controle sobre a formação desta camada de óxidos é difícil e, especialmente nas ligas não nobres, podendo resultar algumas vezes em uma camada extremamente escura sobre o copping.

Para Gomes et al (2008) As cerâmicas utilizadas para a confecção de restaurações metalo-cerâmicas possuem translucidez semelhante aos dentes, são resistentes à compressão, apresentam baixa temperatura de fusão, o que diminui o potencial de distorção do copping metálico, não corroem e são resistentes aos fluidos orais. No entanto, apresentam baixa resistência à flexão (60 MPa) e elevada dureza, a qual poderá provocar abrasão dos dentes opostos.

Conforme Vieira & Vieira (2012) Os trabalhos odontológicos com ligas metálicas apresentam grande durabilidade, boa adaptação e aceitação pelos tecidos bucais, porém a sociedade atualmente procura e dá importância aos materiais estéticos.

Porcelanas prensadas, ou Porcelanas ceramizadas

Cerâmica Feldspática com alto teor de leucita - (Empress I)

Para Craig & Powers (2004) A leucita é um mineral silicato-potássio-alumínio com alto coeficiente de expansão térmica que funciona como uma fase de reforço, conferindo uma maior resistência flexural ao material cerâmico, permitindo sua utilização em trabalhos puramente cerâmicos. O acréscimo de altos teores de leucita (aproximadamente 45% em peso) também contribui para um alto coeficiente de contração térmica, o que provoca diferenças entre a leucita e a matriz vítrea, resultando no desenvolvimento de tensões de compressão. Essas tensões podem agir como deflectores de rachaduras e contribuir com o aumento da resistência da fase vítrea mais fraca à propagação de rachaduras.

Segundo Amoroso et al (2012) No intuito de melhorar a sua resistência, no início dos anos 90 foram introduzidas as cerâmicas feldspáticas reforçadas por cristais de leucita, denominadas Empress I sendo indicadas para restaurações do tipo facetas laminadas, inlays e onlays, apresentando uma resistência flexural de aproximadamente 180 Mpa.

Conforme Eduardo & Barros (2004) O Empress I também chamado sistema IPS-Empress, foi desenvolvido pela Ivoclar Vivadent. A maior vantagem é o processo de prensagem, no qual cristais de leucita são incorporados utilizando calor e pressão. Este processo cria uma barreira que evita propagação de microrrachaduras, além disso a combinação de calor e pressão usada, reduz a contração da cerâmica, resultando em alta resistência flexural.

Segundo Gomes et al (2008) o IPS Empress simplificou o problema de contração durante a queima da cerâmica, comum para as feldspáticas, devido à alta pressão de injeção da cerâmica no molde em alta temperatura . Desta maneira, a variação dimensional somente ocorre durante o resfriamento, que pode ser controlada por adequada expansão do revestimento. Esta técnica de pressão pelo calor tem proporcionado o aumento na resistência da cerâmica.

Schenkel et al (2004) relataram que durante o processo de fabricação da restauração, utiliza-se uma técnica similar à da cera perdida, a forma e os contatos oclusais são definidos no enceramento, o que aumenta a precisão, pois não sofre o processo de contração, comum quando da cocção das cerâmicas. A cerâmica a ser injetada, vem em forma de pastilhas pré-ceramizadas, nas cinco matizes da escala Cromascop (Ivoclar), mais pastilhas opacas (quando se quer bloquear alguma alteração de cor do substrato) e pastilhas translúcidas, quando se deseja que a cor do remanescente seja predominante. Após a injeção da cerâmica procede-se a pintura (maquiagem) da peça para obtenção do croma exato, e dos detalhes do croma que se quer agregar.

Cerâmicas à base de di-silicato de lítio,– IPS Empress2®

Conforme Kina (2005) o acréscimo de cristais de dissilicato de lítio à formulação das cerâmicas feldspáticas, dispersos em uma matriz vítrea de forma interlaçada favoreceu as propriedades mecânicas sem, contudo, comprometer as propriedades ópticas das cerâmicas vítreas. Surgiu assim um novo sistema cerâmico denominado IPS Empress II (Ivoclair – Vivadent), apresentando resistência flexural de aproximadamente 400Mpa. As cerâmicas de dissilcato de lítio, além de serem indicadas para inlays, onlays, coroas unitárias e facetas laminadas, também passaram a ser indicadas para próteses fixas de três elementos anteriores até segundo pré-molar.

Para Guerra et al (2007) em 1999, o mercado então, recebeu este novo material cerâmico, o IPS Empress 2® (Ivoclar), no qual o copping, à base de di-silicato de lítio, confere maior resistência à cerâmica. Adicionalmente, a porcelana de cobertura é composta por 60% de fluorapatita favorecendo que o desgaste do antagonista ocorra na mesma intensidade que o esmalte dentário .

Schenkel et al (2004) relataram que neste sistema a estrutura de leucita foi substituída pela de dissilicato de lítio, que aumentou a resistência, possibilitando a confecção de pontes fixas de até três elementos na região anterior. Um aspecto importante em relação à outros sistemas livres de metal, é de que é o único sistema em que a cerâmica se infiltra no copping, o que lhe confere maior translucidez dentre todos os sistemas.

Segundo Vieira & Agra (2000) o sistema IPS-Empress I e II empregam o mesmo equipamento, no entanto a indicação do sistema Empress I restringe-se à confecção de coroas totais, inlays/onlays e facetas, já o Empress II permite a confecção de pequenas próteses fixas.

Para Callegari et al (2008) Atualmente a Ivoclar Vivadent, disponibiliza o sistema IPS e. max, que apresenta pastilhas de IPS e.max Press (Cerâmica de dissilicato de lítio), as quais estão indicadas para confecção de inlays, onlays, facetas laminadas, coroas anteriores, podendo-se confeccionar próteses fixas de até três elementos.

Eduardo & Barros (2004) relataram que a infraestrutura deste sistema é composta por cerâmica vítrea contendo de 60 a 65% em volume, de cristais de di-silicato de lítio, densamente dispostos e unidos à matriz vítrea.

Conforme Schenkel et al (2004) este sistema também apresenta a vantagem de apresentar excelente adesão à estrutura dentária remanescente, pela possibilidade da utilização da cimentação adesiva, o que lhe confere ainda um aumento na resistência após a cimentação.

Cerâmica à base de di-silicato de lítio com fluorapatita - Empress Eris®

Segundo Guerra et al (2007) no ano de 2001, surgiu mais um material: o sistema IPS Empress Eris® (Ivoclar), ou IPS e-max ZirPress (Ivoclar) no qual, a cobertura de ultra baixa fusão (400°C) é composta por uma associação de fluorapatita e di-silicato de lítio, sendo mais compatível com o material do casquete (Di-silicato de lítio), diminuindo assim, a tensão gerada na interface evitando a propagação de trincas.

Schenkel et al (2004) relataram que a diferença em relação à cerâmica IPS-Empress2, se deve principalmente a não infiltração no copping, em função de uma queima mais baixa, o que resulta numa resistência maior.

Para Eduardo & Barros (2004) a porcelana de recobrimento IPS Eris é um novo vidro ceramizado de fluorapatita com dissilicato de lítio que oferece um ótimo resultado estético, fácil manuseio e ótima compatibilidade, é indicado na confecção de coroas anteriores e posteriores , prótese fixa de três elementos. Uma vantagem do IPS Eris, além da sua estética e simples processamento, é que este sistema pode ser cimentado com cimento de ionômero de vidro.

Conforme Callegari et al (2008) o IPS e.max Press estão indicadas para recobrimento de coppings a base de zircônio estabilizado com ítrio, como o IPS e.max ZirCAD.

Cerâmicas aluminizadas ou Infiltradas por vidro

Eduardo & Barros (2004) relataram que em 1965, Mc Lean desenvolveu a porcelana feldspática com adição de 50% de óxido de alumina, resultando em um aumento de aproximadamente duas vezes na resistência, quando comparado com a porcelana feldspática tradicional. A primeira porcelana aluminizada (50%) recebeu o nome de Vitadur-N (vita), seguidas pelas porcelanas NBK 1000 (De Trey/ Dentsply) e Hi-Ceram (Vita).

Segundo Guerra et al (2007) a melhora nas propriedades físicas deste material se deve não somente às propriedades mecânicas da alumina, mas também à sua compatibilidade com a massa de porcelana. Inicialmente, a porcelana aluminizada era utilizada como base, por ser mais resistente e pelo fato de apresentar uma natureza opaca, fator este que poderia interferir negativamente na estética.

Para Henriques et al (2008) as porcelanas aluminizadas reforçadas com vidro durante sua fabricação, passam pela etapa de infiltração de vidro derretido nos poros da infraestrutura de alumina sinterizada. Nesta estrutura interpenetrante há duas fases que são entrelaçadas e contínuas, que impedem a formação de trincas, reduzem a porosidade, quantidade de fendas e irregularidades de superfície, e mostram maior tenacidade do que as porcelanas feldspáticas convencionais.

In-Ceram Alumina

Eduardo & Barros (2004) citaram que o princípio de usar coppings de alta resistência levou ao desenvolvimento das porcelanas aluminizadas infiltradas por vidro. Em 1989, Vita introduziu no mercado o sistema In-Ceram® Alumina. Este sistema produz um substrato poroso de alumina, no qual são infiltradas as partículas de vidro (lantânio) em alta temperatura. Em seguida, este copping opaco recebe aplicação de uma porcelana feldspática compatível.

Segundo Guerra et al (2007) esta cerâmica com núcleo de alumina, tem um aumento da resistência pela dispersão da fase cristalina. A alumina possui alto módulo de elasticidade (350 GPa) e alta resistência à fratura (3,5 – 4 MPa). Sua composição é semelhante à cerâmica feldspática, porém a diferença marcante é a incorporação, em peso, de 40 a 50% de cristais de alumina à fase vítrea. Isto resultou no aumento da resistência do material de 120 a 180Mpa.

Para Nascimento (2010) o In-Ceram Alumina possui 80% óxido de alumínio e 20% de vidro, apresenta resistência flexural maior que as cerâmicas injetadas.  Apresenta resistência à flexão quatro vezes mais alta do que uma cerâmica aluminizada a 50%, embora a alta concentração de alumina acarrete diminuição significativa de translucidez, com consequente empobrecimento das qualidades ópticas das cerâmicas. Dessa forma, devido a sua alta resistência, esse material deve ser aplicado como substituto das infraestruturas metálicas, enquanto a porcelana convencional atua como porcelana de cobertura.

Guerra et al (2007) relataram que este sistema teve o objetivo de criar uma cerâmica que alcançasse as propriedades das próteses metalocerâmicas e a adaptação marginal obtida com as coroas em liga de ouro. O copping ou infraestrutura infiltrada por vidro, contém 70 a 85% de partículas de alumina .

Conforme Amoroso et al (2012) este sistema está indicado para utilização tanto nas regiões posterior como anterior, na confecção de coroas unitárias e próteses parciais fixas.

In-Ceram Spinell:

Segundo Guerra et al (2007) em 1994, foi desenvolvido, o sistema In-ceram Spinell®, uma mistura de magnésio e alumina, para tentar solucionar o problema de transmissão de luz, pois as Onlays - inlays, apresentavam um aspecto esverdeado sob transiluminação. Parte do óxido de alumínio foi substituída por óxido de magnésio, que após reações químicas forma o óxido misto chamado de “spinell”.  A melhor translucidez destes materiais deve-se ao seu baixo índice de refração quando comparado à alumina, bem como à cristalinidade deste composto, conferindo-lhes propriedades ópticas satisfatórias. Porém, esta cerâmica apresenta menor resistência à flexão (350 MPa) quando comparada à porcelana aluminizada infiltrada por vidro (450 MPa) devido à incorporação do magnésio.

Para Eduardo & Barros (2004) apesar do copping do In-Ceram Alumina ser mais estético que o metal, ele é extremamente opaco, caso não exista um adequado volume para a aplicação do material de revestimento, especialmente na região cervical, tem-se uma restauração que apresenta aspecto artificial. Para contornar esta limitação o fabricante introduziu o sistema In-Ceram Spinell, empregando o óxido de magnésio como principal material formador do copping cerâmico.

Nascimento (2010) citou que O In-Ceram Spinell, agrega, além do óxido de alumínio, o óxido de magnésio (aluminato de magnésio, MgAl2O4), que lhe confere o dobro de translucidez do In-Ceram.

Conforme Henriques et al (2008) a translucidez deve-se ao baixo índice de refração do aluminato de magnésio e da matriz de vidro.   Entretanto, seu ganho em padrões estéticos acarreta perda da resistência na ordem de 20%, indicam este sistema em situações clínicas em que o fator estético seja imprescindível e a restauração não fique exposta a grandes tensões mastigatórias e isso limita suas indicações para coroas unitárias anteriores, facetas laminadas, inlays e onlays.

Eduardo & Barros (2004) relataram que o sistema In Ceram Spinell não pode ser empregado para a confecção de pequenas próteses fixas devido a menor resistência flexural.

In-Ceram zircônia

Segundo Guerra et al (2007) o óxido de zircônio, o qual possui um dos maiores valores de tenacidade entre os materiais cerâmicos, resiste fortemente à propagação de trincas e apresenta alta resistência flexural.

Para Nascimento (2010) o In-Ceram Zircônia é composto de Al2O3, ZrO2 e fase de vidro na quantidade relativa aproximadamente 55%, 25% e 20%, respectivamente. Possui resistência flexural do material da infraestrutura compreendida entre 6Mpa/m½ e 8Mpa/m½ .

Rezende Neto (2013) relatou que com este sistema, é possível a fabricação de prótese fixa posterior com span de até 14mm e também de coroas unitárias. A adição de zircônia parcialmente estabilizada melhorou a resistência flexural, a resistência à fratura e fadiga deste material, seu substrato é extremamente resistente (700-750 Mpa), sendo 1,4 mais resistente que o InCeram - alumina.

Para Nascimento (2010) observa-se considerável melhora nas condições de resistência mecânica em detrimento das qualidades ópticas, o que conduz a um sistema sensivelmente opaco. Em termos de translucidez o In-Ceram Zircônia é tão opaca quanto o núcleo de liga metálica. Portanto, a zircônia não pode ser utilizada como material restaurador único, precisa ser recoberta com cerâmicas que tenham características translúcidas, como as feldspáticas.

Conforme Amoroso et al (2012) O In-Ceram Zircônia teve a incorporação do óxido de zircônio (ZrO2), este resultou em um aumento significativo da resistência à flexão, conferindo um dos maiores valores de tenacidade entre os materiais cerâmicos, porém conduziu a um sistema altamente opaco, que apresenta uma mistura de aproximadamente 69% de óxido de alumina (Al2O3) com 31% de óxido de zircônio (ZrO2). Suas indicações mais precisas limitaram-se, portanto, para regiões posteriores, tanto para coroas unitárias como para próteses fixas de três elementos.

Segundo Guerra et al (2007) as cerâmicas enriquecidas com zircônia estão indicadas para a confecção de próteses parciais fixas de três elementos, na região posterior, sendo consideradas, atualmente como a melhor opção para infraestruturas de próteses parciais fixas metal-free de maior extensão, bem como para coroas unitárias.

 

Sistema CAD/CAM de fresagem

Para Sesma et al (2009) o termo CAD-CAM vem do inglês “Computer Aided Design-Computer Aided Manufacturing” que significa a realização de um trabalho baseado em um desenho na tela do computador (CAD), seguido da fabricação automática deste trabalho por ferramentas computadorizadas (CAM).

Ainda foi relatado por Sesma et al (2009) que o sistema CAD-CAM foi introduzido na Odontologia por François Duret em 1971 com a ideia de realizar restaurações protéticas em uma sessão, eliminando provisórios, moldagens e procedimentos laboratoriais. As primeiras restaurações estão relatadas em 1985 e a meta principal deste sistema foi simplificar, tornar mais lucrativa e padronizar a produção de restaurações.

Para Guerra et al (2007) atualmente, tanto cerâmicas feldspáticas quanto vítreas podem ser fresadas segundo esta tecnologia . O processo de fresagem por computador é realizado sobre blocos de porcelana pré-sinterizados a seco e fabricados industrialmente, sob rigoroso controle, os quais são reduzidos por desgaste ou sonoerosão (ultrassom) com o auxílio de tecnologia digital. Como resultado, esta técnica produz uma réplica de porcelana a partir de um padrão virtual obtido sobre uma imagem óptica (escaneamento do modelo, por exemplo).

Segundo Sesma et al (2009) os sistemas CAD-CAM podem obter dados do preparo cavitário diretamente dentro da boca, com um auxílio de um escâner intra-oral, sendo classificados com CAD-CAM de consultório, ou então os dados do preparo podem ser obtidos a partir de um  modelo de gesso, sendo classificados como CAD-CAM de laboratório. O de consultório tem a vantagem de se ter uma restauração cerâmica em uma única sessão, porém um custo mais elevado, enquanto o de laboratório, tem menor custo, porém não permite que a restauração seja concluída em uma única sessão.

Conforme Guerra et al (2007) a imagem capturada é transportada para um programa de desenho onde o contorno do preparo e a forma da restauração final são realizados. Estas informações são então enviadas a uma unidade fresadora que inicia a fabricação da restauração protética . A imagem real dos preparos pode ser capturada através de uma câmera óptica intra-oral com infravermelho, que escaneia diretamente a superfície do preparo, ou através de um leitor a laser.

Para Sesma et al (2009) o futuro dos sistemas CAD-CAM depende não só do desenvolvimento de sistemas eficientes, mas de uma favorável relação custo-benefício e, principalmente, da qualidade final das restaurações produzidas. O crescimento do interesse nesses sistemas indica que eventualmente essa tecnologia poderá ser usada como rotina nos consultórios. Estes sistemas apenas mudarão a natureza de suas tarefas, sendo aliado na produção de restaurações da alta qualidade.

Gomes et al (2008) relataram que a usinagem é uma opção a ser utilizada como método de fabricação de restaurações cerâmicas metal free para inlays, onlays, facetas e PPF. Dentre os sistemas de fresagem disponíveis comercialmente têm-se: CEREC 1, 2 e 3 (Sirona), CELAY (VITA Zahnfabrik), Procera (Nobel Biocare), Cercon (Dentsply/Ceramco), Lava All-Ceramic System (3M/ESPE) e sistema CAD/CAM (Computer Assisted Design – Computer Assisted Manufature).

Sistema Procera All Ceram

Segundo Schenkel et al (2004) este sistema foi desenvolvido dentro do conceito CAD-CAM. Surgiu em 1993, sendo inicialmente utilizado para a confecção de infraestruturas de Titânio, porém logo passou a também utilizar a alumina sinterizada, em função de uma melhor estética. É um sistema cerâmico livre de metal composto por óxido de alumínio sinterizado e prensado, e está indicado para coroas em dentes anteriores e posteriores, facetas e fixas de três elementos em anteriores e posteriores.

Para Gomes et al (2008) o sistema Procera AllCeram é composto por alto conteúdo de alumina pura (99,9% de Al2O3), densamente sinterizada, utilizando tecnologia CAD/CAM, sendo que a configuração da restauração é enviada para a fábrica na Suécia. O óxido de alumínio utilizado pelo sistema Procera segue as exigências da ISO 6474 quanto à densidade, tamanho do grânulo e resistência flexural Apresenta excelente biocompatibilidade, resistência à flexão variando de 487-699 MPa e resistência à fratura entre 4,48-6,0 MPa/m½.

Eduardo & Barros (2004) relataram que este sistema utiliza os princípios CAD-CAM para o design e fabricação do copping de óxido de alumínio com cor de dentina. O técnico utiliza um escâner para mapear a superfície do troquel ou réplica do preparo do dente. Quando o design do copping estiver completo, o arquivo é armazenado no computador e transmitido via modem para a estação de fabricação (Europa ou Estados Unidos), onde um copping de óxido de alumínio densamente sinterizado é produzido. Este copping então é enviado pelo correio expresso para o laboratório dentário de origem e, por sua vez receberá a aplicação de uma porcelana compatível.

Segundo Nascimento (2010) a aplicação da cerâmica de cobertura pode então ser executada através do sistema convencional em qualquer laboratório. O sistema Procera provê excelente estética (translucidez natural),resistência e durabilidade e é indicado para a fabricação de coroas unitárias anteriores e posteriores.

 Sistema Cerec

Conforme Eduardo & Barros (2004) O Cerec é outro sistema computadorizado que foi desenvolvido em 1980, na Europa, e introduzido nos Estados Unidos, em 1989, para a confecção de inlays. Em 1994, a unidade CEREC 2 foi criada, apresentando uma técnica mais aperfeiçoada no processo de fresagem e com escaneamento tridimensional.

Gomes et al (2008) relataram que este sistema faz a captação da imagem do preparo diretamente da cavidade bucal com o auxílio de uma microcâmera, que sequencialmente é processada pela unidade CAD para que possa ser planejada e executada a restauração, auxiliada pelo computador CAM.

MÉTODOS DE PROCESSAMENTO

Para Vieira & Morimoto (2008) Uma cerâmica pode ser obtida por: estratificação, fresagem e prensagem, ou por uma associação desses métodos. Em função do método a cerâmica para a confecção da restauração pode ser apresentada na forma de pó, pastilha ou bloco.

Estratificação

Callegari et al (2008) citaram que o termo estratificação também pode ter como sinônimo fundição e sinterização. Esta técnica utiliza geralmente cerâmicas feldspáticas ou feldspáticas reforçadas com leucita.

Segundo Vieira& Vieira (2012) Após o recebimento dos modelos em gesso e registro de mordida, o protético duplica o modelo com silicone e constrói o troquel refratário para suportar a alta temperatura (600°C a 800°C) no forno. Esse troquel, após a sua construção, apresenta-se muito úmido, devendo ser colocado no forno para desidratar e depois reidratar com líquido apropriado. Delimita-se os contornos do preparo com um lápis especial (Prismacolor) e o troquel vai ao forno para fixar corretamente o contorno. Sobre esse troquel é aplicada a porcelana.

Para Vieira & Morimoto (2008) A apresentação mais usual das cerâmicas é na forma de um pó, que quando misturado a um líquido aglutinante, adquire a consistência que permite que o material possa ser modelado e esculpido com pincéis e espátulas.

Segundo Vieira & Vieira (2012) a porcelana é aplicada em pequenas porções, esculpindo o dente, e esse, finalmente, é levado ao forno de porcelana de baixa fusão. Em seguida aplica-se o glaze e a restauração de porcelana está concluída.

Vieira & Morimoto (2008) relataram que essas porcelanas quando trabalhadas pela técnica de pó-líquido e sinterizadas, são insuperáveis quanto à estética, pois permitem uma grande versatilidade para a seleção de diferentes nuances de cores. Exemplos comerciais segundo Vieira & Vieira (2012) : Duceram LFC (Degudent), Duceragold (Degudent), Vision Esthetic (Vision), IPS design (Ivoclar Vivadent) e Noritake (Kota Import’s).

Prensagem

Para Vieira & Vieira (2012) Ao realizar trabalhos com porcelanas injetadas, utiliza-se a técnica da cera perdida. Estas porcelanas apresentam grande dureza, não sendo indicadas em alguns casos clínicos.

Para Vieira & Morimoto (2008) a temperatura de escoamento dos vidros e das porcelanas feldspáticas, é iniciada por volta de 950°C. A esta temperatura elas podem ser modeladas, porém exigem uma certa força de compressão (prensagem), porque não estão liquefeitas. Usando essa característica desses materiais foi desenvolvido um método na qual a estrutura que se quer obter em cerâmica é esculpida em cera, incluída em um revestimento, eliminada a cera e, sobre compressão, uma cerâmica é introduzida no molde.

Segundo Vieira & Vieira (2012) após o recebimento dos modelos em gesso e registro de mordida, o protético deve confeccionar a ceroplastia da coroa sobre o modelo. O modelo, então, é incluído em um anel especial e preenchido com revestimento refratário. Em seguida, o anel é levado ao forno para dissolver a cera e deixar o espaço para a porcelana. Junto ao anel, coloca-se o vastago no forno, que é um pequeno bastão cilíndrico, este é colocado no forno com o intuito de acompanhar a temperatura de trabalho.

Vieira & Morimoto (2008) citaram que a peça assim obtida é de cor única e utilizada para infraestrutura e neste caso, sua cobertura será com um vidro ceramizado em pó pela técnica de estratificação. Restaurações completas (sem coppings) ou sobre-estruturas (prensagem de um vidro ceramizado sobre um copping, como o IPS e.max ZirPress sobre o e.max ZirCAD) podem ser realizadas, e nestes casos a pintura extrínseca (maquiagem) é realizada.

Conforme Vieira & Vieira (2012) a técnica da maquiagem permite a caracterização da superfície de uma restauração através da aplicação e queima de finas camadas de porcelanas matizadas. Esta técnica também é conhecida como pintura extrínseca. É útil nas técnicas de prensagem e de fresagem, que resultam em restaurações com um só matiz, saturação e translucidez. Têm a vantagem de ter alta resistência ao impacto, resistência à abrasão semelhante ao esmalte e linha de cimentação e adaptação menor que 100µm. Porém apresentam como desvantagem, a complexidade da técnica, equipamento específico e métodos complexos de coloração e caracterização, pois essa cerâmica apresenta apenas uma cor. Exemplos comerciais: Cergogold (DeguDent) e IPS Empress (Ivoclar Vivadent).

Fresagem

Para Vieira & Morimoto (2008) o método de fresagem é aquele em que blocos pré-fabricados de cerâmicas já sinterizados ou fundidos, são usinados por meio de processos computadorizados (Sistemas CAD-CAM) para obtenção de uma restauração ou infraestrutura, totalmente cerâmica. O bloco cerâmico pré-fundido é livre de porosidades, resultando em uma restauração mais resistente. Pode-se afirmar que as propriedades físicas de uma restauração obtida de um bloco de porcelana feldspática pré-sinterizada fresado por um sistema computadorizado são superiores às propriedades de uma restauração obtida pela técnica de troquel refratário. Porém na adaptação e, principalmente, na estética, as restaurações confeccionadas por estratificação são superiores.

Segundo Callegari et al (2008) esses sistemas computadorizados, denominados CAD-CAM (Computer Aided Design – Unidade Computadorizada Acessória/ Computer Aided Machine – Unidade Fresadora Acessória), têm um tipo de processamento, em que é realizada uma impressão ótica do preparo, a qual pode ser feita com um scanner intra-oral diretamente sobre o preparo em boca, ou em modelos de gesso, utilizando scanners a laser. A imagem digitalizada é enviada a uma unidade fresadora acessória (CAM) para fresagem da restauração final a partir de blocos cerâmicos pré-fabricados.Exemplos disponíveis no mercado brasileiro: Sistema Cerec (Sirona, Bensheim, Alemanha), Cercon (Dentsply, Ceramco, USA) e Procera (Nobel Biocare, Gotenborg, Suiça).

Vieira & Morimoto (2008) relataram que na fresagem, pode-se ter a necessidade de caracterização estética, com a técnica de maquiagem, já que as restaurações obtidas têm um só matiz.

ADESIVIDADE DAS CERÂMICAS

Conforme Santos & Pereira (2000) a ligação da resina acrílica à porcelana com a utilização do silano foi inicialmente obtida por Pafembager em 1967, porém esta técnica só foi utilizada para a confecção de reparos com resina composta em porcelana em 1978. A ligação destes sistemas, no entanto, não correspondia às necessidades, pois, além de fraca, era difícil de ser obtida. A adesividade dos materiais restauradores aumentou sobremaneira com a utilização de um condicionamento de superfície, este teve objetivo de criar microrrugosidades na área e assim, aumentar a superfície de contato entre os dois materiais, aumentando desta forma, a retenção (adesividade) dos mesmos.

Para Vieira & Morimoto (2008) a adesão às cerâmicas depende da relação fase vítrea e cristalina. A fase vítrea é mais sujeita à atuação do ácido fluorídrico. O ácido fluorídrico cria inúmeras micro retenções que viabilizam a retenção mecânica de um cimento resinoso. O silano atua como um agente que une quimicamente o silício com a matriz polimérica da resina usada na colagem. A possibilidade de colar a porcelana diretamente ao dente viabiliza preparos mais conservadores, que dispensam abordagens mecanicistas.

Callegari et al (2008) citaram que as cerâmicas ácido sensíveis compreendem as cerâmicas com grande quantidade de sílica (matriz vítrea) em sua composição, como as cerâmicas feldspáticas e de dissilicato de lítio, uma vez que a sílica é a substância degradada quando em contato com o ácido hidrofluorídrico.  Por outro lado, as cerâmicas ácido resistentes apresentam em sua composição uma quantidade alta de óxidos (fase cristalina), como por exemplo, óxido de alumínio, óxido de zircônio, e baixa quantidade de sílica. Neste caso o condicionamento dessas cerâmicas não é eficiente.

Segundo Vieira & Morimoto (2008) as porcelanas feldspáticas possuem uma relação entre a fase cristalina e a vítrea de aproximadamente 50%. Como o ácido fluorídrico ataca mais a fase vítrea, essas porcelana têm o padrão de condicionamento inegavelmente melhor para a adesão e micro embricamento. Os vidros ceramizados contendo leucita (IPS Empress) ou dissilicato de lítio (IPS Empress II, IPS e.max Press, etc.) também são susceptíveis à ação do ácido fluorídrico e silano.

Para Callegari et al (2008) o ácido hidrofluorídrico em contato com cerâmicas ácido sensíveis causa uma dissolução seletiva da matriz vítrea, em função do tempo de exposição ao ácido, modificando a morfologia superficial da cerâmica por meio da criação de microretenções que favorecem a retenção do cimento resinoso e aumenta a molhabilidade do cimento nas microretenções da cerâmica.

 CARACTERÍSTICAS DAS PORCELANAS

Conforme Guerra et al (2007) dois importantes atributos das cerâmicas dentais são o seu potencial para simular a aparência dos dentes naturais e suas propriedades isolantes (baixa condutividade térmica, baixa difusividade térmica e baixa condutividade elétrica) . São quimicamente estáveis, apresentam coeficiente de expansão térmica semelhante ao das estruturas dentárias, boa compatibilidade biológica e suficiente resistência à compressão e abrasão.

Para Miyashita et al (2009) os materiais restauradores cerâmicos, apresentam como principal vantagem uma estética natural sem apresentar alterações significativas em relação a sua coloração ou textura superficial, o que proporciona uma estética adequada por longo período de tempo. Os pacientes, sempre que possível, preferem restaurações estéticas em cerâmica em relação ao uso de ligas metálicas e as resinas compostas de uso laboratorial, que apresentam alterações cromáticas e desgaste superficial clinicamente. Ainda relataram que devido à sua natureza vítrea e cristalina, as cerâmicas dentárias apresentam reflexão óptica elaborada muito semelhante às estruturas dentárias, caracterizando, sem dúvida, o material que melhor imita os dentes naturais em cor e translucidez. Apresentam ainda alta resistência à compressão, biocompatibilidade, superfície com baixos índices de aderência de placa e, graças à inércia química, sua resistência à corrosão e solubilidade é bastante alta.

Guerra et al (2007) citou que a grande desvantagem das porcelanas é a sua maior friabilidade e falta de resistência, de modo que a principal preocupação nas pesquisas foi procurar diminuir esta suscetibilidade, seja por modificações na própria estrutura da porcelana ou por meio de uma infraestrutura rígida que pudesse suportar a porcelana de cobertura frágil.

Segundo Miyashita et al (2009) apresenta como desvantagem também a presença de microporosidades na superfície, desenvolvidas durante o estágio de sinterização. Estas microporosidades podem predispor o material à iniciação ou propagação de trincas, que podem levar ao insucesso da restauração. As restaurações cerâmicas de alta fusão (1200/1450°C), apresentam dureza de superfície bastante alta, o que pode causar desgaste nos dentes naturais antagonistas. Porém, atualmente as cerâmicas dentárias apresentam ponto de fusão mais baixo, tendo o desgaste superficial mais semelhante aos tecidos dentários. O problema de desgaste dentário, na verdade, não é decorrente apenas da mastigação. Os grandes desgastes são decorrentes de atividades parafuncionais de rangimento dentário durante o bruxismo, devendo nestes casos serem indicadas placas oclusais, preferencialmente de acrílico. Os desgastes dos dentes antagonistas também estão diretamente relacionados com a rugosidade das porcelanas. Sendo assim, uma diminuição desses desgastes pode ser observada quando a superfície das porcelanas está glazeada e polida.

  CLASSIFICAÇÃO

Existem atualmente na literatura várias classificações para as porcelanas, para Kano et al (2008) atualmente, os sistemas cerâmicos são classificados em função da composição e pelo uso de estrutura de reforço. Quanto à composição podem ser classificadas em cerâmicas ricas em sílica e cerâmicas com baixo conteúdo de sílica. Esses, também relatam outra classificação simples e prática, esta é feita de acordo com presença ou não de copping.

No entanto, para Vieira & Morimoto (2008) as cerâmicas são empregadas em uma série de finalidades do nosso dia a dia e foram adaptadas para serem utilizadas na Odontologia. Inicialmente podemos agrupar as cerâmicas de uso odontológico dentro do abrangente grupo das cerâmicas. Existem algumas maneiras de classificar as cerâmicas, e uma delas é classificando-as de forma geral em 10 grupos: cerâmica vermelha, cerâmica branca, cerâmica de revestimento, refratários, cerâmicas de alta tecnologia, isolantes térmicos, vidros, cimento, cal e abrasivos. As diversas cerâmicas utilizadas na Odontologia diferem quanto à estrutura, propriedades, processo de fabricação e consequentemente, suas indicações. Mas podemos agrupar as cerâmicas de uso odontológico dentro de três grupos: As porcelanas feldspáticas (incluídas dentro do grupo das porcelanas brancas), Os vidros ceramizados (incluídos dentro do grupo dos vidros), As cerâmicas essencialmente de óxidos (incluídas dentro do grupo das cerâmicas de alta tecnologia). (exemplificado na Tabela 2)


Já para Kina (2005), as restaurações cerâmicas podem ser classificadas pela composição do material e tipo de fabricação, tendo o grupo das porcelanas tradicionais ou feldspáticas, porcelanas infiltradas por vidro (sistema In-Ceram, Alumina da Vita), porcelanas prensadas ou ceramizadas (IPS-Empress, IPS-Empress 2, IPS-Eris da Ivoclar) e as porcelanas obtidas por computador (sistema Procera All Ceram ).

Callegari et al (2008) citaram que as cerâmicas odontológicas também podem ser classificadas quanto a sua sensibilidade ao ácido hidrofluorídrico, uma vez que existem cerâmicas que sofrem degradação da matriz vítrea quando expostas a este ácido (cerâmicas ácido sensíveis) e cerâmicas que não são afetadas por este tipo de tratamento de superfície (cerâmicas ácido resistentes). Exemplificado na Tabela 3

Segundo Vieira & Vieira (2012)  atualmente, as porcelanas são divididas, em: porcelanas de altíssima fusão, porcelanas injetadas , porcelanas de alta fusão, porcelanas de média fusão, porcelanas de baixa fusão e porcelanas de ultra baixa fusão. A Tabela 4, classificam as porcelanas odontológicas de acordo com seu ponto de fusão, sendo este altíssima fusão, alta fusão, injetada, média fusão, baixa fusão, ultra baixa fusão.

PORCELANAS DE BAIXA FUSÃO (COROAS REFRATÁRIAS)

Segundo Vieira & Vieira (2012) as primeiras coroas surgiram em 1776, sendo constituídas com porcelanas de alta fusão, tendo estas um ponto de fusão muito alto, exigindo preparos com terminações em ombros (degraus), para oferecer apoio e evitar fraturas. Com a evolução da adesividade consegue-se aderir a porcelana, ao esmalte, dentina, metal, à resina composta e à resina acrílica, surgindo a possibilidade de se fazer coppings estéticos, sendo estes recobertos por porcelanas de baixa e média fusão. Essas estruturas oferecem naturalidade e resistência às coroas unitárias. As porcelanas de baixa fusão foram introduzidas no mercado mundial em 1990, estas apresentam uma redução na temperatura de fusão (600°C a 800°C), que permite o aumento de opalescência na porcelana, uma superfície altamente polida e menor potencial para abrasionar a estrutura dentária e os trabalhos oponentes. Exemplos comerciais: Duceram LFC (Degudent), Duceragold (Degudent), Vision Esthet (Vision), IPS d.sign (Ivoclar Vivadent) e Noritake (Kota Import’s). Tiveram-se início os trabalhos de porcelana sobre troqueis refratários (sem a utilização de coppings), utilizando-se porcelanas de baixa e média fusão, onde são feitas retenções mecânicas (jateamento com óxido de alumínio e/ou ácido fluorídrico) e químicas (silanização) para se aderirem ao dente, não havendo a necessidade de copping, conferindo resistência. Tem-se então como opções, a coroa com copping cerâmico ou a coroa refratária em porcelana. A coroa com copping estético substitui as coroas metalo-cerâmicas, pois sua estética é superior, porém inferior à estética das coroas refratárias, que além da estética, têm a vantagem de trabalhar com desgastes menores, tendo uma adesividade maior, o que lhe confere maior resistência.

PROPOSIÇÃO

A proposta deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre a evolução da porcelana odontológica, buscando saber:

Quais são as opções de materiais cerâmicos?

Quais são as vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de porcelanas?

Quais são as porcelanas que possuem maiores propriedades estéticas?

Quais são as porcelanas de escolha para lentes de contato, facetas laminadas e coroas unitárias?

CASO CLÍNICO

Paciente W.V.A., sexo masculino, engenheiro, 60 anos de idade, compareceu ao consultório, tendo como sua queixa principal, o dente 11, que estava “muito para frente”, (Fig. 1 e 2)  pois este devido a um problema periodontal, vestibularizou, ( Fig. 3 e 4) tendo então a presença de um diastema entre o dente 11 e 12, o qual já havia sido restaurado com Resina Composta. Optou-se por fazer inicialmente um clareamento em todos os dentes, e posteriormente a colocação de uma faceta laminada de porcelana no dente 11, sendo feito previamente um desgaste, e a colocação de lentes de contato de porcelana nos dentes 12, 13, 21, 22 e 23.

Para o clareamento usou-se a técnica de clareamento por varredura (Vieira & Vieira 2012) usando o clareador com peróxido de hidrogênio a 35%, fazendo no total 12 aplicações do produto, ficando em contato com o dente por 4 minutos em cada aplicação, sendo 2 minutos com o uso de luz Led, passando com a luz em todos os de dentes neste tempo, e 2 minutos sem luz. (Fig. 5 a 8)

Realizou-se então o desgaste do dente 11, sendo feita uma anestesia infiltrativa terminal, já que o paciente apresentou sensibilidade  ao iniciar o desgaste. Foram feitas as marcações com a broca esférica 1011, de 2 sulcos longitudinais, 1 sulco na bossa vestibular, e 2 sulcos unindo a bossa vestibular mesial e distal até a altura de ponto de contato. Usa-se esta broca para fazer a delimitação da faceta na cervical. (Fig. 9)

Usou-se então a broca 2135, para unir os sulcos, respeitando as inclinações do dente das zonas retentivas e expulsivas (Fig. 10). Fez-se um desgaste na incisal de meia broca 2135, para que haja um recobrimento da incisal em L. (Fig. 11)

Fez-se então acabamento com discos de lixa. (Fig.12)

A moldagem pode ser feita com silicona de adição ou de condensação, o material utilizado foi a silicona de condensação, com a técnica de dupla moldagem, utilizando o “space” na silicona pesada, para diminuir a retenção, na remoção da moldeira. (Fig. 13 a 16)

A confecção do modelo foi feita com gesso especial, e enviado para laboratório.

Foi confeccionado um provisório utilizando a técnica direta, fazendo-se apenas no centro do dente, um condicionamento com ácido fosfórico a 37%, por 1 minuto, lavando e secando, e realizando a aplicação de adesivo, para em seguida aplicar a resina composta diretamente sobre o dente em pequenas porções e fotopolimerizar (Fig. 17 a 20).

Após a chegada das lentes e faceta do laboratório, faz-se a prova das mesmas e teste de cor, utilizando resina flow, e podendo ainda fazer uso de um opaco e modificadores de cor, para igualar a cor de todos os dentes, caso haja alguma diferença de cor (Fig. 21).  A resina é colocada na lente ou faceta (Fig.22) e levada em posição, sem condicionamento ácido nem aplicação de adesivo, fazendo sua remoção após o teste com “bolinha” de algodão umedecida em álcool.

Após os testes serem realizados, tanto de cor como de adaptação das peças, e estando tudo certo, inicia-se então o preparo das peças para dar início à cimentação.

Faz-se então a aplicação do ácido fluorídrico a 10% por 5 minutos, nas lentes e faceta, (Fig. 23) devendo então lavar e secar. Aplica-se então o silano por 20 segundos, (Fig. 24) fazendo 2 aplicações seguidas de jato de ar. Aplica-e então o adesivo fotoanaeróbio e polimeriza-se por 20 segundos, aplicando posteriormente a resina flow, da cor escolhida, (Fig. 25) para finalmente levá-la em posição, após o preparo dos dentes.

No preparo dos dentes, se estes apresentarem restaurações em resina composta, deve-se inicialmente aplicar ácido fluorídrico a 10% por 20 segundos nas mesmas, (Fig. 27) lavar e secar. Faz-se então o condicionamento com ácido fosfórico a 37% em todos os dentes que levarão as peças de porcelana, em toda superfície vestibular que será recoberta pelas peças, deixando 1 minuto, (Fig.28), levando-se em consideração, que a aplicação é apenas em esmalte. Aplica-se o silano, 2 vezes, seguidos de jato de ar, nas restaurações, aplicando-se então o adesivo fotoanaeróbio em todos os dentes e polimerizando, ( já que o mesmo não forma película após a fotopolimerização, a qual prejudicaria a adaptação das peças na cimentação) estando assim preparados para cimentação. Leva-se a peça em posição, (Fig. 29) fazendo-se uma pré-polimerização de 5 segundos, utilizando-se, um fotopolimerizador, no caso o Radi-cal da SDI, que tem a DV point, uma ponteira que auxilia na pré-polimerização (Fig. 30), para que só seja polimerizado inicialmente o centro do dente, removendo os excessos após cimentação, com o auxílio do fio dental e microbrush (Fig. 32). Fazendo então a fotopolimerização final de 40 seg, (Fig. 33) e repetindo este processo com todas as lentes de contato e faceta de porcelana.

Após o término da cimentação devem ser feitos os ajustes oclusais, e os ajustes estéticos com o auxílio da régua de proporção áurea. Faz-se então acabamento e polimento com discos de feltro e pasta abrasiva para porcelana.

Após o término da cimentação devem ser feitos os ajustes oclusais, e os ajustes estéticos com o auxílio da régua de proporção áurea. Faz-se então acabamento e polimento com discos de feltro e pasta abrasiva para porcelana.

Fig. 1 e Fig.2 foto inicial

Fig. 3 e 4 Foto de perfil

Fig.5 e 6 Clareamento

Fig. 7 e 8 Antes e depois do clareamento

Fig. 9 e 10 Preparo para Faceta no dente 11

Fig.11 e 12 Desgaste para recobrimento incisal da faceta

Fig. 13 a 16 Técnica da moldagem com “space”

Fig. 17 a 20 Técnica de confecção de provisório

Fig. 21 e 22 Teste de cor

Fig. 23 a 26 preparo das peças para cimentação

Fig. 27 a 30 Preparo dos dentes e cimentação

Fig. 31 a 34 Cimentação  e remoção dos excessos

Fig. 35 a 38 Antes e Depois vista lateral

Fig. 39 e 40 Antes e Depois- vista frontal

Fig. 41 e 42 Antes e Depois- Trabalho finalizado

DISCUSSÃO

Gomes et al (2008) citaram que a Porcelana Odontológica teve o início de sua história em 1774, quando o francês Alexis Duchateau, insatisfeito com sua prótese total confeccionada com dentes de marfim, decidiu trocá-las por novas próteses de cerâmica, por verificar a durabilidade e resistência ao manchamento e a abrasão deste material quando utilizado em utensílios domésticos. Com o auxílio do dentista Nicholas Dubois de Chemant, a cerâmica foi utilizada com sucesso na fabricação de dentes para prótese total arte das cerâmicas foi introduzida na Odontologia . Já para Vieira & Vieira (2012) As primeiras coroas surgiram em 1776, sendo constituídas com porcelanas de alta fusão, tendo estas um ponto de fusão muito alto, exigindo preparos com terminações em ombros (degraus), para oferecer apoio e evitar fraturas.

Segundo Arruda & Ourique (2003) a primeira coroa de porcelana foi feita por Charles Henry Land, um dentista em Detroit, no ano de 1887, sobre uma folha de platina que era brunida contra o troquel de gesso, para que servisse como matriz para confecção das coroas.

Para Kina (2005) As cerâmicas feldspáticas foram as pioneiras a serem confeccionadas em alta fusão, onde na associação com as lâminas de platina constituíam as coroas metalocerâmicas. Com ótima qualidade estética, as coroas puras de porcelanas feldspáticas foram utilizadas por longa data, entretanto, sua baixa resistência limitou sua indicação apenas para coroas unitárias anteriores em situações de pequeno stress oclusal. Segundo Miyashita et al (2009) as cerâmicas feldspáticas apresentam propriedades como módulo de elasticidade, coeficiente de expansão térmica, densidade e dureza com valores muito próximos ao do esmalte dentário, apresentando assim um comportamento biomimétrico único.

Conforme Chain et al (2000) A porcelana feldspática é usada como recobrimento, pois apresenta excelentes características de translucidez e cor semelhante ao dente natural. Craig & Powers (2004) relataram que as coroas ocas de porcelana feldspática foram aceitas como as restaurações mais estéticas na Odontologia, até os anos 60. Devido ao alto índice de fratura, por apresentarem resistência flexural de 60 a 70 MPa, passaram a ser contraindicadas para dentes.

Conforme Guerra et al (2007) dois importantes atributos das cerâmicas dentais são o seu potencial para simular a aparência dos dentes naturais e suas propriedades isolantes (baixa condutividade térmica, baixa difusividade térmica e baixa condutividade elétrica) . Para Miyashita et al (2009) os materiais restauradores cerâmicos, apresentam como principal vantagem uma estética natural sem apresentar alterações significativas em relação a sua coloração ou textura superficial, o que proporciona uma estética adequada por longo período de tempo.

Segundo Vieira & Vieira (2012) as coroas metalocerâmicas surgiram nos anos 60. Nesse caso, a coroa apresenta um copping metálico (cobertura) sobre o dente, e sobre este será esculpida a coroa de porcelana. Essa porcelana, após sua cocção, une-se ao copping metálico, aumentando a resistência à fratura dessas coroas. Vieira & Agra (2000) afirmaram que as coroas metalo-cerâmicas surgiram como uma alternativa que favorecia uma melhor adaptação marginal e menor risco de fratura, graças ao emprego de uma infraestrutura metálica. Existem diversas ligas metálicas que são utilizadas sob uma porcelana, estas podem ser classificadas em nobres e não nobres. As ligas mais usadas atualmente são as não nobres.

Conforme Vieira & Vieira (2012) Os trabalhos odontológicos com ligas metálicas apresentam grande durabilidade, boa adaptação e aceitação pelos tecidos bucais, porém a sociedade atualmente procura e dá importância aos materiais estéticos.

Para Amoroso et al (2012) No intuito de melhorar a sua resistência, no início dos anos 90 foram introduzidas as cerâmicas feldspáticas reforçadas por cristais de leucita, denominadas Empress I. Segundo Gomes et al (2008) o IPS Empress simplificou o problema de contração durante a queima da cerâmica, comum para as feldspáticas, devido à alta pressão de injeção da cerâmica no molde em alta temperatura.

Para Guerra et al(2007) em 1999, o mercado então, recebeu este novo material cerâmico, o IPS Empress 2® (Ivoclar), no qual o copping, à base de di-silicato de lítio, confere maior resistência à cerâmica. No ano de 2001, surgiu mais um material: o sistema IPS Empress Eris® (Ivoclar), ou IPS e-max ZirPress (Ivoclar) no qual, a cobertura de ultra baixa fusão (400°C) é composta por uma associação de fluorapatita  e di-silicato de lítio, sendo mais compatível com o material do casquete, diminuindo assim, a tensão gerada na interface evitando a propagação de trincas.

Eduardo & Barros (2004) relataram que em 1965, foi desenvolvida a porcelana feldspática com adição de 50% de óxido de alumina, resultando em um aumento de aproximadamente duas vezes na resistência, quando comparado com a porcelana feldspática tradicional. Apesar do copping do In-Ceram Alumina ser mais estético que o metal, ele é extremamente opaco, caso não exista um adequado volume para a aplicação do material de revestimento, especialmente na região cervical, tem-se uma restauração que apresenta aspecto artificial. Para contornar esta limitação o fabricante introduziu o sistema In-Ceram Spinell, empregando o óxido de magnésio como principal material formador do copping cerâmico.

Surgiu então o sistema CAD/CAM que para Sesma et al (2009) o termo CAD-CAM vem do inglês “Computer Aided Design-Computer Aided Manufacturing” que significa a realização de um trabalho baseado em um desenho na tela do computador (CAD), seguido da fabricação automática deste trabalho por ferramentas computadorizadas (CAM). Este sistema foi introduzido na Odontologia com a ideia de realizar restaurações protéticas em uma sessão, eliminando provisórios, moldagens e procedimentos laboratoriais. Para Guerra et al(2007) atualmente, tanto cerâmicas feldspáticas quanto vítreas podem ser fresadas segundo esta tecnologia . O processo de fresagem por computador é realizado sobre blocos de porcelana pré-sinterizados a seco e fabricados industrialmente, sob rigoroso controle, os quais são reduzidos por desgaste ou sonoerosão (ultrassom) com o auxílio de tecnologia digital. Como resultado, esta técnica produz uma réplica de porcelana a partir de um padrão virtual obtido sobre uma imagem óptica (escaneamento do modelo, por exemplo).

Segundo Sesma et al (2009) os sistemas CAD-CAM podem obter dados do preparo cavitário diretamente dentro da boca, com um auxílio de um escâner intra-oral, ou então os dados do preparo podem ser obtidos a partir de um  modelo de gesso, sendo classificados como CAD-CAM de laboratório. O de consultório tem a vantagem de se ter uma restauração cerâmica em uma única sessão, porém um custo mais elevado, enquanto o de laboratório, tem menor custo, porém não permite que a restauração seja concluída em uma única sessão.

Segundo Guerra et al (2007) em 1994, foi desenvolvido, o sistema In-ceram Spinell®, uma mistura de magnésio e alumina, para tentar solucionar os problemas de transmissão de luz.

Conforme Amoroso et al (2012) O In-Ceram Zircônia teve a incorporação do óxido de zircônio (ZrO2), este resultou em um aumento significativo da resistência à flexão, conferindo um dos maiores valores de tenacidade entre os materiais cerâmicos, porém conduziu a um sistema altamente opaco.

Para Vieira & Morimoto (2008) Uma cerâmica pode ser obtida por: estratificação, fresagem e prensagem, ou por uma associação desses métodos. No método da estratificação, a apresentação mais usual das cerâmicas é na forma de um pó, que quando misturado a um líquido aglutinante, adquire a consistência que permite que o material possa ser modelado e esculpido com pincéis e espátulas. Segundo Vieira & Vieira (2012) a porcelana é aplicada em pequenas porções, esculpindo o dente, e esse, finalmente, é levado ao forno de porcelana de baixa fusão. Em seguida aplica-se o glaze e a restauração de porcelana está concluída.

No método da Porcelana Prensada ou Injetada Vieira & Vieira (2012) relatou que ao realizar trabalhos com porcelanas injetadas, utiliza-se a técnica da cera perdida. Para Vieira & Morimoto (2008) a temperatura de escoamento dos vidros e das porcelanas feldspáticas, é iniciada por volta de 950°C. A esta temperatura elas podem ser modeladas, porém exigem uma certa força de compressão (prensagem), porque não estão liquefeitas. Usando essa característica desses materiais foi desenvolvido um método na qual a estrutura que se quer obter em cerâmica é esculpida em cera, incluída em um revestimento, eliminada a cera e, sobre compressão, uma cerâmica é introduzida no molde.

Para Vieira & Vieira (2012) têm a vantagem de ter alta resistência ao impacto, resistência à abrasão semelhante ao esmalte e linha de cimentação e adaptação menor que 100µm. Porém apresentam como desvantagem, a complexidade da técnica, equipamento específico e métodos complexos de coloração e caracterização, pois essa cerâmica apresenta apenas uma cor.

O método da Fresagem Para Vieira & Morimoto (2008) é aquele em que blocos pré-fabricados de cerâmicas já sinterizados ou fundidos, são usinados por meio de processos computadorizados (Sistemas CAD-CAM) para obtenção de uma restauração ou infraestrutura, totalmente cerâmica. O bloco cerâmico pré-fundido é livre de porosidades, resultando em uma restauração mais resistente. Pode-se afirmar que as propriedades físicas de uma restauração obtida de um bloco de porcelana feldspática pré-sinterizada fresado por um sistema computadorizado são superiores às propriedades de uma restauração obtida pela técnica de troquel refratário. Porém na adaptação e, principalmente, na estética, as restaurações confeccionadas por estratificação são superiores. Segundo Callegari & Macedo (2008), têm um tipo de processamento, em que é realizada uma impressão ótica do preparo, a qual pode ser feita com um scanner intra-oral diretamente sobre o preparo em boca, ou em modelos de gesso, utilizando scanners a laser. A imagem digitalizada é enviada a uma unidade fresadora acessória (CAM) para fresagem da restauração final a partir de blocos cerâmicos pré-fabricados.

Vieira & Morimoto (2008) relataram que na fresagem, pode-se ter a necessidade de caracterização estética, com a técnica de maquiagem, já que as restaurações obtidas têm um só matiz. Existem atualmente na literatura várias classificações para as porcelanas, para Kano et al (2008) atualmente, os sistemas cerâmicos são classificados em função da composição e pelo uso de estrutura de reforço. Quanto a composição podem ser classificadas em cerâmicas ricas em sílica e cerâmicas com baixo conteúdo de sílica. No entanto, para Vieira & Morimoto (2008) Existem algumas maneiras de classificar as cerâmicas, e uma delas é classificando-as de forma geral em 10 grupos: cerâmica vermelha, cerâmica branca, cerâmica de revestimento, refratários, cerâmicas de alta tecnologia, isolantes térmicos, vidros, cimento, cal e abrasivos. As diversas cerâmicas utilizadas na Odontologia diferem quanto à estrutura, propriedades, processo de fabricação e consequentemente, suas indicações. Mas podemos agrupar as cerâmicas de uso odontológico dentro de 3 grupos: As porcelanas feldspáticas (incluídas dentro do grupo das porcelanas brancas), Os vidros ceramizados (incluídos dentro do grupo dos vidros), As cerâmicas essencialmente de óxidos (incluídas dentro do grupo das cerâmicas de alta tecnologia). Já para Kina (2005), as restaurações cerâmicas podem ser classificadas pela composição do material e tipo de fabricação, tendo o grupo das porcelanas tradicionais ou feldspáticas, porcelanas infiltradas por vidro (sistema In-Ceram, Alumina da Vita), porcelanas prensadas ou ceramizadas (IPS-Empress, IPS-Empress 2, IPS-Eris da Ivoclar) e as porcelanas obtidas por computador (sistema Procera All Ceram). Callegari & Macedo (2008) citaram que as cerâmicas odontológicas também podem ser classificadas quanto a sua sensibilidade ao ácido hidrofluorídrico, uma vez que existem cerâmicas que sofrem degradação da matriz vítrea quando expostas a este ácido (cerâmicas ácido sensíveis) e cerâmicas que não são afetadas por este tipo de tratamento de superfície (cerâmicas ácido resistentes). Segundo Vieira & Vieira (2012) atualmente, as porcelanas são divididas, em: porcelanas de altíssima fusão, porcelanas injetadas, porcelanas de alta fusão, porcelanas de média fusão, porcelanas de baixa fusão e porcelanas de ultra baixa fusão.

CONCLUSÃO

Através deste trabalho concluiu-se que existem atualmente diversas opções de materiais cerâmicos, levando-se em consideração as propriedades mecânicas, as porcelanas de alta fusão ou injetadas possuem excelente resistência mecânica, porém uma diminuição das propriedades estéticas sendo que alguns tipos como as de Dissilicato de Lítio (e-max Press) e as que contêm Fluorapatita (e-max Ceram) possuem uma adesividade diminuída, por não serem tão sensíveis ao ácido hidrofluorídrico, e as que contêm em sua composição óxidos de Alumínio (In-Ceram Alumina, In-Ceram Spinell) ou óxido de zircônio, são ácido resistentes, não apresentando adesividade , pois o condicionamento neste caso não tem eficiência alguma. Tem-se ainda como desvantagem o fato destas porcelanas apresentarem uma dureza de superfície bastante alta quando comparada aos tecidos dentários, o que propicia um maior potencial abrasivo em relação aos dentes antagonistas, e ainda terem um só matiz, necessitando de “maquiagem”.

Já as porcelanas de baixa-fusão, antigamente chamadas de feldspáticas, são insuperáveis quanto à estética, e são ácido sensíveis por terem em sua composição maior quantidade de sílica, sendo esta degradada quando em contato com ácido hidrofluorídrico, modificando sua morfologia superficial favorecendo a retenção do cimento resinoso. Estas ainda possuem a vantagem de não serem monocromáticas, permitindo grande versatilidade quanto à seleção de diferentes nuances de cor.

Sabe-se ainda que atualmente o uso de porcelanas de baixa fusão, por possuírem uma dureza de superfície mais semelhante ao tecido dentário o que favorece a preservação do dente antagonista no que se diz respeito à abrasão.

Conclui-se então, que apesar da indicação do sistema cerâmico ser feita de acordo com a localização, as porcelanas de baixa fusão são as de escolha para lentes de contato, facetas, coroas unitárias, tanto na região anterior quanto na região posterior, devendo usar a porcelana de alta fusão apenas para infra estrutura de prótese fixa de 3 elementos, para se ter maior resistência, usando neste caso a porcelana de baixa fusão para cobertura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Amoroso AP., Ferreira MB., Torcato LB., Pellizer EP., Mazaro JVQ., Gennari Filho H, Cerâmicas Odontológicas: propriedades, indicações e considerações clínicas. Revista odontológica de Araçatuba, v.33, n.2, p.19-25, Jul/Dez, 2012

Araújo, SHB, Coroas de Porcelana. Montes Claros. Monografia (Especialização de Prótese Dentária)- Fuonorte/ Soebras. 2012

Arruda CB, Ourique SAM., Porcelanas odontológicas uma história de evolução em estética e resistência. Revista Paulista de Odontologia. Ano XXV, n.04, Jul/Ago-2003

Callegari A., Macedo MCS, Bombana AC., Restaurações cerâmicas metal free. São Paulo, Artes Médicas. Cap 46, p.680-719. 2008

Callister Jr, Willian D., Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 5 Ed., p. 266, 2002

Chain MC., Arcari MG.,Lopes CG., Restaurações Cerâmicas Estéticas e Próteses livres de metal. Revista Gaúcha de Odontologia, Porto Alegre, v.48, n.2, p67-70, abr/jun.2000

Craig RG, Powers JM,  Materiais Dentários Restauradores. 11 ed. São Paulo, Ed. Santos, 2004

Damasceno RG, Cerâmica Dental, a busca pela restauração estética- Revisão de literatura. Revista Paulista de Odontologia, v.38, n.4, p.24-29, Out/Nov/Dez-2015

Eduardo CP, Barros, JA,  Estética em dentes posteriores com porcelanas de última geração In: Atualização Clínica em Odontologia. São Paulo, 22 ed. Artes Médicas.  p.53-61. 2004

Guerra CMF, Neves CAF, Almeida ECB, Valones MAA, Guimarães RP, Estágio Atual Das Cerâmicas Odontológicas.  International Journal of Dentistry, Recife, 6(3), p.90-95, Jul/Set 2007

Gomes EA, Assunção WG, Rocha EP, Santos PH, Cerâmicas odontológicas: o estado atual.  v.54, p.319-25. 2008

Henriques ACG, Barros DPTS, Beatrice LCS, Menezes Filho PF, Cerâmicas Odontológicas: aspectos atuais, propriedades e indicações. Odontologia Clínica e científica, Recife, v.7, n.4, p.289-94, out/dez.2008

Hoppen LRC, Garbin CA, Rigo L, Schuh C, Federezzi L, Comparação estética entre coroas confeccionadas com os sistemas Cubo e metalocerâmico. Revista Sul-Bras Odontol.7(2): 146-53 Jun 2010

Kano P, Gondo R, Uso das cerâmicas em Dentes Anteriores. In: Baratieri,L.N.Soluções Clínicas-Fundamentos e técnicas. 1ª.ed. Florianópolis, Ed Ponto.  p.395-431, 2008

Kina S, Cerâmicas Dentárias. R Dental Press Estétic, v. 2(2),112-28. 2005

Miyashita E, Fonseca AS, Odontologia Estética: o estado da arte. São Paulo, 1ª Ed. Artes Médicas. 2004

Miyashita E, Kina S, Adolfi D, Batista W, Cerâmicas dentárias: uma evolução nos procedimentos estéticos em Odontologia. Revista da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas 63(4): p.260-78, 2009

Nascimento T, Considerações ao emprego de próteses de porcelana pura. Florianópolis. Monografia (Especialização em Prótese Dentária)– Funorte/Soebras. 2010

Rezende Neto JC., Coroas refratárias com desgaste mínimo . Só Técnicas Estéticas. V.10, n.3, jul/set., 2013

Santos SP, Pereira GM, Abdo RCC, Avaliação da resistência ao cisalhamento da união resina composta/porcelana em função de diferentes tipos de adesivos dentinários. Jornal Brasileiro de Clínica & Estética em Odontologia- v.4, n⁰4- Nov/Dez 2000

Schenkel LB, Pimenta MAC, Cabral Filho RC, Mezzomo E, Indicações cerâmicas em dentes anteriores. In: Atualização Clínica em Odontologia. São Paulo, 22 ed. Artes Médicas,p. 169-187, 2004

Sesma N,  Morimoto S,  Vieira, GF, Costa B, Stegun RC, Restauração cerâmica com sistema CAD-CAM. Revista da Associaçcão Paulista dos Cirurgiões Dentistas. 63(5), p.376-80, 2009

Vieira D,  Vieira DM,  Metal free - Lentes de contato dentais e coroas. São Paulo. Ed.Santos. 2012

Vieira GF.,  Agra CM,  As possibilidades da cerâmica na estética odontológica In: Atualização na Clínica Odontológica. Artes médicas, São Paulo, 19 ed. p. 5-23. 2000

Vieira GF, Morimoto S, Restaurações Diretas e Indiretas - Cerâmicas. In: Odontologia estética: a arte da perfeição. São Paulo, Artes Médicas. p.139-157, 2008

ABSTRACT

Summary This paper is a review of the literature on the evolution of porcelain, being reported a brief history of the use of porcelain in dentistry, and the advantages and disadvantages of using porcelain as a restorative material. Some classifications of ceramic systems are reported as well as the composition and method of processing the same. Still consists in the description of the existing types of porcelain, showing from the evolution to the present day.

Keywords: Dental care, Dental Ceramics, Porcelain Veneers

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

×

Olá!

Fale conosco via Whatsapp, tire suas dúvidas sobre o tratamento diretamente com nossos dentistas.

× Como posso te ajudar?